Crescimento no número de cadastro cresce a cada dia, de 150 no mês de março, já se aproxima a 800
Por: Helaine Gnoatto Zart – Jornal A Folha
O enfrentamento do novo coronavírus está mostrando seus primeiros sintomas no âmbito social. Se na saúde temos uma contenção da propagação da gripe Covid-19, com registro de nove casos, cinco curados, nenhuma internação e 45 pessoas sendo monitoradas em Não-Me-Toque (dados computados até 6 de maio, quarta-feira) a retração do mercado de serviços informais e a dispensa de trabalhadores com carteira assinada já é significativa.
Considerando que as famílias que buscam apoio da Assistência Social do município são aquelas que não têm renda oficial, e vivem de “bicos”, é relevante considerar que a situação é grave. No mês de março, a secretária Maria Malaquias disse que havia pelo menos 150 famílias no CadÚnico este número já se aproxima a 800. O CadÚnico é cadastro que controla os benefícios sociais governamentais como Bolsa Família, Pessoa com Deficiência, idosos e pessoas de baixa ou sem renda.
– Diariamente atendemos até 30 pessoas que buscam auxílio. Isso é preocupante e acredito que vá se agravar dia após dia, pois não estamos vendo possibilidade de essas pessoas voltarem a ter renda e manterem suas famílias como vinham fazendo – comentou a secretária municipal de Assistência Social.
Até agora a Assistência Social distribuiu 330 sacolas de alimentos, sendo que cerca de 200 foram doações de entidades, empresas e pessoas físicas que se dirigem à Secretaria com o intuito de ajudar. A Assistência gasta em torno de R$ 43 por sacola.
A Equipe de Assistência Social faz um controle para que a entrega de sacolas seja pelo uma ao mês, por família. O controle garante que ninguém recebe duas vezes e outra família fique sem. Há registro de uma única exceção, uma família com 13 filhos.
Educação coloca cozinha a serviço da Assistência
Nesta semana, a Secretaria de Educação iniciou sua contribuição. As cozinhas das escolas Valdomiro Graciano e Ciranda da Alegria foram abertas e estão produzindo pães e bolachas que são entregues na Assistência Social para atender as famílias com alunos do CEI.
– Temos sete cozinheiras trabalhando na produção de pães e bolachas com muito carinho, cuidado e alegria. Também estamos recebendo a contribuição da Escola Carlos Gomes, de Bom Sucesso – informou a secretária de Educação Eli Xavier Donatti.
Colocar as cozinheiras para confeitar bolachas e pães foi a alternativa adotada pela Secretaria de Educação, em reunião com o prefeito, quando se discutiu a distribuição de kits de alimentação escolar.
– Nós como Secretaria de Educação, teríamos a obrigação por lei de entregar kits a todos os alunos da rede municipal, Apae e Asbam, um número próximo a 2.100, não apenas os que fazem parte das famílias com cadastro na Assistência Social. Consideramos nesta decisão que o recurso que vêm do governo fica abaixo do que gastamos com alimentação escolar e na volta às aulas teremos que atender todos os alunos enquanto durar o ano letivo – explicou Eli Donatti.
O governo, por meio do Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae) destina R$ 1,07 para alunos de creche por dia; R$ 0,53 para pré-escolar; R$ 0,36 ensino fundamental e R$ 1,07 ensino integral. Sobre esses valores, de R$ 265 mil, a prefeitura precisa integralizar mais R$ 190 mil para atender os dez meses de aula. As escolas servem refeições no meio da manhã e da tarde e almoço para quem fica em turno integral.
Em três dias as cozinheiras das escolas municipais produziram 50 kg de bolachas e 10 kg de pães. A produção é diária e vai se manter.