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Casa da Cultura apresenta exposição “Memórias e Histórias Holandesas”

Foi com muitas lembranças e embalada por muita emoção que aconteceu a abertura da exposição “Memórias e Histórias Holandesas”, na Casa da Cultura Dr. Otto Stahl.

Para a realização de uma solenidade inaugural, imigrantes e descendentes de imigrantes, muitos dos que doaram ou realizaram empréstimos para a concretização da mostra, foram convidados para prestigiar um breve cerimonial, além de enriquecê-lo com histórias dos tempos em que estiveram viajando e ao chegarem em solo brasileiro.

Brindando o início da solenidade, o tenor Luiz Wiethauper cantou, juntamente com o filho Tiago, uma canção holandesa. O momento foi de muita emoção. Em seguida o presidente da Associação Holandesa, Harrie Stapelbroek, com a voz ainda embargada, falou que aquela era uma das canções que os imigrantes costumavam cantar quando estavam a bordo no navio, vindo para o Brasil. Contou ainda, que as lembranças que a música lhe trouxe eram muitas. Algumas tristes outras muito alegres. Falou da angústia que todos sentiam ao deixar a pátria e rumar para terras desconhecidas. “Mas nós estávamos passando por uma guerra. E quem vive numa guerra ultrapassa até uma parede para não viver mais aquele pesadelo”, desabou Harrie, lembrando ainda mais fatos que ocorreram durante as três semanas em que os holandeses passaram dentro do navio que tinha como destino o Brasil.

A ex-primeira dama, Cornélia Van Riel, que também saiu da Holanda ainda criança, falou do livro que está escrevendo. Segundo Cornélia, o livro deve contar com algumas traduções de um caderno de rascunho, no qual um dos imigrantes escrevia o esboço das cartas que enviava à amigos e familiares na Holanda. “O caderno contém histórias tristes e outras alegres. Também constam várias cartas pedindo para que mais holandeses viessem ao Brasil, mais especificamente a Não-Me-Toque. No intuito de convencer os conterrâneos a deixar a terra natal, Não-Me-Toque era descrita como um lugar paradisíaco”, contou a imigrante, também falando que nas cartas era feito um apelo aos holandeses que tinham interesse em vir para o Brasil, para que viessem logo, pois as terras estavam muito baratas. “Sem tecnologia, a produtividade era baixa e muitos vendiam as terras por ninharias e iam atrás de outros lugares para desenvolver suas lavouras. Mas nós tínhamos mais conhecimento, então estávamos conseguindo produzir nas terras que não davam mais frutos e com isso, as terras estavam começando a aumentar de preço”, explicou.

Outro imigrante, José Stapelbroek, contou que teve oportunidade de voltar a morar na Holanda, mas que Não-Me-Toque é o lugar dele. “O povo não-me-toquense nos acolheu e isso ninguém paga! E é por isso que eu me identifico tanto com este lugar. E é por isso que eu escolhi Não-Me-Toque como o meu lugar!”, declarou.

Hendrikus Mosselar também fez uso da palavra. Contou que chegou ao Brasil com dez anos de idade e que, tirando matemática, teve que refazer as disciplinas escolares novamente, pois tudo era diferente: a geografia, a história e, principalmente, o idioma.

E de história em história foram recordando o passado e lembrando de tudo que passaram desde o momento que suas famílias decidiram deixar o país de origem e atravessar o oceano em busca de prosperidade e, principalmente, paz.

Muitas destas histórias estão documentadas através de fotografias, objetos, utensílios e cartas na exposição “Memórias e Histórias Holandesas”, que foi montada pela equipe da Casa da Cultura e deve receber visitantes durante três meses.

Aproveite a oportunidade e compareça à Casa da Cultura para saber mais sobre a história e a cultura dos imigrantes holandeses, que escolheram Não-Me-Toque como lar e contribuíram com o desenvolvimento do município.

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